quarta-feira, 15 de junho de 2011

AUTOGESTÃO e AUTODEFESA


Aconteceu no dia 30 de novembro de 2009, o I Fórum de Autogestão, Autodefesa e Família da Apae de Mutum. O Fórum contou com a presença surpreendentemente expressiva de pais e pessoas com déficit intelectual e múltipla e também dos funcionários da associação. Estiveram presentes representantes do Conselho Regional das Apae’s da Zona da Mata II, o Secretário de Saúde e o Presidente do CDL de Mutum. O Fórum foi aberto com a palavra do Presidente da Apae de Mutum, e em seguida foram realizadas palestras explicativas das atividades do dia; do movimento Apaeno e Programas defendidos nas Apae’s, entres eles o da Autogestão, Autodefesa e Família, tema neste fórum. Foi um momento muito importante para nossa Apae; onde pessoas com deficiência intelectual e múltipla e seus familiares exerceram o direito a cidadania aprendendo a ter voz e vez, a falar e a fazer por si só.
              O desenvolvimento da autodefesa começa na infância e se estende por toda vida.  Começa pela tomada de pequenas decisões e por se fazer pequenas escolhas. Estas escolhas e decisões vão aumentando em complexidade na medida em que a pessoa cresce e amplia o seu circulo de relações. É preciso estar claro de que todas as pessoas têm potenciais que precisam ser desenvolvidos, independente de suas limitações ou deficiências. Todas as crianças, mas em particular as crianças com deficiência, têm que ter a oportunidade de desenvolver as capacidades que lhes permitam ter voz na tomada de decisões.
                Deve-se dar aos pais o apoio necessário para assegurar que seu filho tenha essa oportunidade. Famílias bem informadas são forças a exercer pressão para que as leis que protegem as pessoas com deficiência sejam cumpridas, facilitando a autodefesa e a defesa dos direitos das pessoas com deficiências graves e múltiplas que não puderem, por si mesmas, defender seus direitos.
                As crianças, jovens e adultos com deficiência têm que ter a oportunidade de aprender e participar dos eventos educacionais e culturais típicos de sua comunidade e de sua idade. Muito da aprendizagem de que necessitarão para desenvolverem a capacidade de autodefesa, virá de seus semelhantes. Isto não deve estar limitado aos seus iguais com deficiência, já que todas as pessoas necessitam da mesma diversidade de experiências de vida para desenvolverem todo seu potencial.
                Aos jovens e adultos que não tiveram essa oportunidade na infância deve ser dado o apoio necessário para que possa desenvolver suas capacidades de fazer escolhas, tomar decisões e reconhecer as conseqüências de cada decisão. Isto pode ser conseguido encorajando as pessoas a se unirem e a aprenderem uns com os outros as capacidades de que necessitam para isso. Com os apoios personalizados e apropriados durante um determinado tempo, o funcionamento cotidiano da pessoa com deficiência intelectual em geral melhora. Isto significa que as pessoas com deficiência intelectual são seres humanos complexos e que provavelmente têm algumas potencialidades e também algumas limitações.

             O apoio, através da autodefesa visa dar às pessoas com deficiência a oportunidade de aprender a se colocar no mundo, a expressar os seus sentimentos e desejos, a se arriscar e a lutar por aquilo que almejam ou em que acreditam. É necessário transmitir às pessoas com deficiência a idéia de que são capazes de tomarem decisões a respeito de seus destinos e a assumirem as conseqüências e responsabilidade por essas escolhas.
                Também foi muito importante a participação dos profissionais envolvidos no trabalho da Apae, pois estes falaram de sua visão e expectativa sem interferir nas falas dos outros atores envolvidos, exercício que a partir de agora deve ser diário. Vivíamos até então, um ciclo vicioso: não permitindo a pessoa com deficiência participar e assim ela não aprendia a se expressar. Não permitíamos que ela participasse com a alegação de que ela não saberia se expressar. Assim continuávamos a falar por eles e por seus familiares. Eles permaneciam calados em seus cantos, passivamente recebendo o que lhes é oferecido pelo conjunto de pessoas que atuavam como intermediários em sua relação com o mundo.  
                O nosso papel é auxiliar o processo de autodefesa rumo a uma vida responsável e autônoma, precisamos entender que a vida é deles e não nossa. Para que isso seja alcançado os profissionais devem incentivar famílias e educandos trabalhando rumo à autoconfiança a cerca de seus limites e possibilidades de maneira humana, justa e democrática.
Isto é autodefesa!
                A questão central do processo de autodefesa em nossa sociedade não é se a pessoa com deficiência está pronta para falar. A questão que devemos refletir é se estamos prontos para ouvi-la!
                A autodefesa é um princípio universal que se aplica a todas as pessoas. Pode ser definido como o reconhecimento da sua capacitação individual para tomar decisões e fazer escolhas que são importantes em sua vida diária.
Grupo de Autodefensores de Mutum
                Na ocasião realizou-se nova eleição do casal de Autodefensores representante da Apae de Mutum, permanecendo Gisele Siqueira Teodoro e Sidney da Silva Ramos empatado com Leonardo Sangi de Souza que se destacou no último ano e no evento.
                 Um Autodefensor é aquele que aprende a lutar pessoalmente pela defesa de seus direitos, a tomar decisões a respeito de sua vida e a reivindicar voz e espaço para expressar suas idéias, desejos, expectativas e necessidades.

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